A alegria de mais um filho!

Este artigo que escrevi é, ao mesmo tempo, um desabafo, um incentivo e uma forma de dizer a todas as mulheres que passam por situações semelhantes que filhos são dom e bênção de Deus. O texto foi escrito ainda durante a gestação da Maria Cecília, mas não poderia deixar de compartilhá-lo! Acompanhe!

José Felipe, José Tomás e José Afonso brincando enquanto Maria Cecília dorme... Ah, como é bom ser criança e como é bom ter irmãos!!!
José Felipe, José Tomás e José Afonso brincando enquanto Maria Cecília dorme… Ah, como é bom ser criança e como é bom ter irmãos!!!

Neste mundo doido, em que a mentalidade contraceptiva impera, dizer que mais um filho está vindo surpreende muita gente de uma maneira bem desconcertante.

Fico me perguntando qual é o problema com as pessoas atualmente. É tão absurdo que uma família cresça naturalmente e não se restrinja a um ou dois filhos apenas? É tão absurdo que os cônjuges, unidos pelo santo Sacramento do Matrimônio, apenas vivam seu matrimônio conforme o que a Igreja ensina e segundo os mandamentos da Lei de Deus?

Para este mundo maluco e hipócrita, ter uma família grande é realmente um absurdo. Só não é absurdo dar salmão como prato principal da comida de um cachorro (sic)!

Porque eu quis escrever este post

Há alguns motivos pelos quais eu quis escrever este post.

Em primeiro lugar, eu poderia dizer que este post é uma forma de desabafo. A cada anúncio de gestação eu escuto cada coisa! E ao mesmo tempo que certos comentários me fazem rir, eles também me causam grande frustração, porque vêm de pessoas próximas na maioria esmagadora das vezes, não de estranhos.

Em segundo lugar, como sei que muitas mulheres passam por situações semelhantes, e que essas situações não vão ter fim enquanto continuarmos a conceber, eu quero que elas saibam que não estão sozinhas. Por isto, o que escrevo neste post também serve de ânimo para essas mulheres que não têm medo da vocação à qual foram chamadas: serem mães de quantos filhos Deus quiser!

E em terceiro lugar, espero que este post também possa ajudar a todas aquelas mães que se sentem pressionadas e intimidadas pela sociedade a abrirem-se à vida, pois se há um bem maior que um casal cristão unido pelo santo Sacramento do Matrimônio pode receber é o dom dos filhos!

Nosso destino é o Céu

Nós, cristãos, devemos lembrar sempre que nosso destino é o Céu, e que Deus vai nos pedir contas das almas que Ele nos confiou para gerarmos e educarmos. E sem esquecer: Deus também vai pedir contas das almas que Ele quis confiar aos pais cristãos e que eles, por motivos que não eram justos nem graves, impediram que viessem, usando métodos artificiais de contracepção e mesmo os naturais sem razão.

“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo.” (Mt 6, 33)

É bastante comum ouvirmos que “temos que criar os filhos para o mundo”… Porém, não tem sentido um casal cristão criar filhos para o mundo. Temos de gerar e educar os filhos para Deus! A nossa missão, como pais e educadores, é ensinarmos os nossos filhos conhecerem, amarem e servirem a Deus de todo o seu coração e de toda a sua alma. Tudo o mais vem, somente, depois disso.

Dores e alegrias

Eu sei qual é a dor de não conseguir conceber, porque tive problemas de fertilidade e achei que realmente a concepção nunca me seria possível.

Eu sei qual é a dor de conceber e perder um bebê, pois já perdi duas gestações, tenho dois filhos na eternidade.

Por isto que não há como expressar a alegria pela chegada de mais um filho. Para quem achava que nunca seria mãe, para mim, cada filho que me é concedido é um ato de misericórdia de Deus em minha vida.

Minha princesa, na maternidade, depois da transfusão. Maria Cecília, meu milagre de Deus! E meu quarto dom, minha princesa, Maria Cecília, nasceu, na véspera da Festa da Imaculada, de um parto bastante difícil, induzido por emergência. Essa menina nasceu guerreira. Passou por uma transfusão de sangue e está reagindo bem, graças a Deus. Cada filho traz uma história. Com cada um deles aprendi um pouco mais sobre sacrifício, dor, amor e doação, e este último parto me ensinou muito disso. Faria tudo de novo se precisasse. "O sofrimento ensina a amar", disse Jesus a Santa Gemma, e não poderia ser diferente. Filhos são bênçãos do céu, presentes de Deus, nossas escadas para o Paraíso! Santa Cecília, rogai por nós!
Minha princesa, na maternidade, depois da transfusão. Maria Cecília, meu milagre de Deus! Conforme publiquei no Instagram em 9 de Dezembro: “E meu quarto dom, minha princesa, Maria Cecília, nasceu, na véspera da Festa da Imaculada, de um parto bastante difícil, induzido por emergência. Essa menina nasceu guerreira. Passou por uma transfusão de sangue e está reagindo bem, graças a Deus. Cada filho traz uma história. Com cada um deles aprendi um pouco mais sobre sacrifício, dor, amor e doação, e este último parto me ensinou muito disso. Faria tudo de novo se precisasse. “O sofrimento ensina a amar”, disse Jesus a Santa Gemma, e não poderia ser diferente. Filhos são bênçãos do céu, presentes de Deus, nossas escadas para o Paraíso! Santa Cecília, rogai por nós!”

A bênção de um filho!

É até chavão, mas é necessário dizer isto SEMPRE por conta do materialismo que se instalou na mente e no coração das pessoas deste século, mesmo nas famílias católicas: Filhos não são fardo, filhos são bênção! Filhos são dons de Deus, que nos são dados por pura misericórdia divina, não porque somos melhores, bons, santos, etc., mas porque Deus é indulgente e misericordioso para conosco.

Pensar nos filhos como um fardo, como um peso a ser carregado, é um ultraje, uma afronta à própria dignidade da pessoa humana. Afinal, quem gostaria de saber que “foi um ‘erro de percurso'”? um “acidente de uma ‘tarde de verão'”? Ninguém! E quem ouve algo assim dos próprios pais deve ter um grande aperto no coração, porque ninguém gosta de se sentir como algo que “não era pra ser”.

Os filhos devem saber e sentir que são amados. Filhos podem não ser planejados, mas precisam SIM ser SEMPRE desejados e aguardados, de acordo com a vontade divina, com muito amor. Afinal, isto é o que é de fato esperado em um Matrimônio Cristão. E católico que não pensa assim não compreende o grande mistério e santidade deste tão nobre sacramento, instituído pelo próprio Cristo!

A alegria que preenche a vida

A alegria de mais um filho preenche a vida, enche a casa e enriquece a família.

A vida é dom de Deus. A vida é um presente. Reconhecer e enxergar isto em cada filho que Deus nos concede é uma oportunidade única para valorizarmos nossa própria vida e existência, e o amor de Deus para conosco.

Filhos: fim primário do matrimônio e o primeiro bem do matrimônio

Filhos tanto são bênçãos que são o fim primário do Matrimônio, e o primeiro bem do mesmo, como ensina Pio XI em sua Encíclica Casti Connubii:

Entre os benefícios do matrimônio ocupa, portanto, o primeiro lugar, a prole. Na verdade, o próprio Criador do gênero humano que, na sua bondade, quis servir-se do ministério dos homens para a propagação da vida, nos deu este ensino quando, no paraíso terrestre, instituindo o matrimônio, disse aos nossos primeiros pais e, neles, a todos os futuros esposos: “crescei e multiplicai-vos e enchei a terra” (Gn 1, 28). (Pio XI. Casti Connubii: Sobre o Matrimônio Cristão, n.12)

Também nas Sagradas Escrituras, os filhos sempre são tidos como bênçãos e grandes dádivas:

Vede, os filhos são um dom de Deus: é uma recompensa o fruto das entranhas. Tais como as flechas nas mãos do guerreiro, assim são os filhos gerados na juventude. Feliz o homem que assim encheu sua aljava: não será confundido quando defender a sua causa contra seus inimigos à porta da cidade. (Sl 126, 3-5)

Tua mulher será em teu lar como uma vinha fecunda. Teus filhos em torno à tua mesa serão como brotos de oliveira. Assim será abençoado aquele que teme o Senhor. (Sl 128, 3-4)

Ao anunciar a gravidez…

O primeiro filho é sempre esperado, e a notícia da gravidez é comemorada com muita alegria e festa. O segundo filho, se logo em seguida, ainda é comemorado, mas mais comedidamente. O terceiro já é tido como demais. O quarto é loucura do casal, irresponsabilidade, vale até lição de moral, porque, imagina, que falta de juízo, né? (sic). Do quinto em diante só vai faltar um “inquérito policial”.

Tenho certeza que muitas mães vão se identificar com algumas coisas que eu mesma escutei ao anunciar minha última gestação. Num primeiro momento chega a ser engraçado, mas me dá uma frustração de ouvir tais coisas, especialmente quando vindas de pessoas próximas. Coisas do tipo “e agora?”, “o que você vai fazer??”, “foi acidente ou você queria??”, “que loucura!”, “você é ‘corajosa’!” — para não dizer na nossa cara um “você não tem juízo”.

E aqui eu gostaria de dizer uma coisa para estas pessoas que falam esses tipos de coisas: tentem olhar a vida com mais sabor e alegria. A vida é para ser comemorada, não para ser tratada como um trapo jogado num cesto de roupas sujas. Quando alguém morre todo mundo se descabela. Quando alguém é concebido todo mundo quer dar pitaco e xingar os pais como se eles fossem uns sem-noção, uns desajuizados?! Por quê?

Porém, e independentemente do que as pessoas pensem, aprovem, esperam etc., a alegria que sinto cada vez que concebo outro filho é tão grande que não há palavras para expressar o pulsar do meu coração quando penso que fui abençoada por mais uma vez, com um novo coração batendo dentro do meu ventre!

Filho custa caro?

Muitas pessoas têm a péssima mania e o mau gosto de dizer que “filho custa caro”. Quero que me provem que o seu “petzinho” custa mais barato. Porque quem critica um filho a mais, em geral, defende o “direito dos animais” e o aborto.

O que “custa caro” são as comodidades, o carro zero do ano, o apartamento novo, os almoços em restaurantes caros todos os dias, os brinquedos de última geração, as tecnologias sem fim para crianças, que nem deveriam possuí-las por atrapalhar o desenvolvimento cognitivo e comportamental delas.

Porém, não custa caro o passeio num parque, um pique-nick com amigos, um almoço em família, um brinquedo feito com caixa de sapato, pote de manteiga, retalhos de tecido, ou desenho em um papel… Não custa caro o tempo que passamos com nossos filhos, tempo, aliás, que os pais modernos praticamente não têm. O amor não custa caro. O status de uma vida materialista é que custa.

“Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado.”  (Mt 6,34)

Quando me dizem que filhos custam caro eu costumo dizer que “Deus é generoso com as famílias generosas”, que “a vida deve ser comemorada”, e que “Deus manda um pãozinho debaixo do braço do novo nenê”. O “pãozinho”, aqui em casa, sempre vem com cada filho!

O amor generoso é fonte de bênçãos

Se Deus nos dá mais filhos, Ele também nos dá mais bênçãos. A cada filho que Deus nos envia, mais graças Ele também derrama sobre nossas famílias. Mais bênçãos, mais graças, mais formas de nos santificar. Cada filho é como um degrau a mais para alcançarmos o céu mais rápido!

O amor é santificador

Cristo morreu por amor de nós, por nos amar infinitamente. Santo Afonso diz que o amor de Cristo é uma loucura, no sentido de que um Deus nos amou tanto a ponto de tomar nossa carne, nascer e morrer por nós. Para Santa Gema, Jesus disse o seguinte: 

Olha, minha filha, e aprende como se ama. Vês esta Cruz, estes espinhos e cravos, estas carnes lívidas, estas contusões e chagas? Tudo é obra de amor, e de amor infinito. Eis até que ponto Eu te amei. Queres amar-Me verdadeiramente? Aprende então a sofrer: o sofrimento ensina a amar.

Nós, como mães, morremos também a cada dia, por amor dos nossos, daqueles que Deus nos concedeu. “O sofrimento ensina a amar”. Quantos não são os dias de uma mãe em que ela chora, cansada pelas tarefas diárias, pelo cuidado dos filhos doentes, pelos perrengues de um dia caótico imprevisível, pelas tarefas domésticas que ficaram pela metade ou para trás…

É bem verdade que o sofrimento ensina a amar, porque ele nos despoja. O amor não mede esforços. Ele supera e ultrapassa barreiras, cansaços e decepções. Não há como amar e não sofrer. Mas sofrer por amor e amando, é muito mais leve, atrai graças e bênçãos do céu, nos transforma e nos santifica.

A maternidade dignifica a mulher

É certo que nem todas as mulheres entendem que a maternidade dignifica a mulher, e que nem todas as mães são dignas do fruto de seus ventres. Mas o fato é que a maternidade, quando compreendida e vivida na perspectiva cristã, dignifica a mulher, pois traz para ela a sua essência, coloca-a em confronto consigo mesma, em todos os aspectos.

Para mim, a maternidade me colocou de frente com o meu lado mais sombrio. E isto não foi a pior coisa que aconteceu pra mim, muito pelo contrário, porque pude — e posso continuamente — me ver de forma mais clara. Num primeiro momento isto pode ser assustador, mas me olhar assim me faz ter mais consciência daquilo que mais me afasta de Deus e daqueles que Ele me confiou, e tentar, dia após dia, melhorar. Esta é uma oportunidade e tanto para uma mudança interior, especialmente para a minha santificação. Lutar contra mim mesma é muito difícil, mas sei que ao final, pela graça de Deus, com o auxílio da Santíssima Virgem, e se eu for perseverante, eu vou vencer.

Espero que este texto sirva de ânimo para as muitas mulheres e casais que são criticados por serem abertos à vida. Ser aberto à vida é estar em conformidade com o plano de Deus para a família cristã. É fazer a vontade de Deus.

Salve Maria Imaculada!

16 comments

  1. Parabéns pela Maria Cecília( meu quarto bebê, de dois anos, também chama-se Maria Cecília). Realmente não é fácil, mas é uma grande bênção cada gravides. As pessoas não entendem o que quer dizer “ter quantos filhos que Deus quiser”. Até mesmo as visitas que recebo após cada gravides, a primeira filha todo mundo veio ver, o segundo metade o terceiro menos ainda, e a quarta 1. Deus é muito bom, o mínimo que podemos fazer é acolher as suas bênçãos com amor. Tive dificuldade de engravidar porque tinha ovários policísticos então meu coração foi aos poucos se abrindo para a vontade de Deus. Fica com DEUS.

    1. Oi, Viviane!! Obrigada!
      Ahh que legal!!
      Quanto às visitas, aqui não foi muito diferente, na quarta ninguém veio rs… mas tudo bem, vida que segue.
      Eu tinha endometriose, precisei passar por cirurgia.
      Um abraço!
      Salve Maria Imaculada!!

  2. Amei este post. Tenho só um filho por enquanto, mas aguardo o segundo pra quando Deus quiser. Fico muito chateada de ouvir comentários como ‘vc tem coragem?’. Mas sim! Eu e meu esposo temos coragem e mais que isso: muita fé na Divina Providência. Não temos luxo algum, mas graças a Deus o essencial naõ vai faltar nunca. Comida, saúde, carinho e boa educação. Que Deus abençoe

    1. Oi, Andrea!!
      Sim, o essencial não falta, Deus provê tudo!
      Que o Bom Deus abençoe sua família!
      Salve Maria Imaculada!

  3. Parabéns pela Maria Cecília! Eu também tenho uma María Cecília, ela tem 1 ano e 6 meses e é a minha terceira filha. Aqui em casa foi diferente, quando a minha quarta filha nasceu a pequena Ana Catarina, no dia 21/03/19, todo o mundo quis vir vê-la e é até engraçado, acho que o povo queria ver os loucos que tiveram o quarto filho por que hoje em dia não se vê mais isso. Kkkkk

  4. Melissa, adoro seus posts sobre seus filhos- acho linda sua vocação e sinceridade- alias seu amor transborda em palavras- te admiro muito por isso! Que linda sua filha, lindo nome- a padroeira dos músicos- daqui a pouco estará cantarolando junto com vocês- aliás isso será inevitável! Deus abençoe sua vida!! Faz tempo que não passava por aqui- larguei as redes sociais (Facebook, Instagram), e estou adorando! Fique com Deus!!!

    1. Oi Agatha!!
      Ela já está cantarolando em nenenês hahaha…
      Amém! Que o Bom Deus abençoe sua vida também!
      Fez bem! Redes sociais só nos fazem perder tempo! Meu Facebook está no limbo há tempos kkkkk…
      Salve Maria Imaculada!

  5. Salve Maria Imaculada!
    Parabéns Melissa pelo seu testemunho de mulher católica, que não tem medo de receber os filhos que Deus lhe envia, eles realmente são bênçãos e graças!
    É nobre ser mãe, esposa e dona-de casa em tempo integral em um mundo moderno e cheio de cobranças como o nosso. Está na hora de valorizarmos a mulher que ama a sua Família e por isso se dedica integralmente a ela, que sabe o valor de ser mãe e esposa e que faz de sua casa um lar-doce-lar.
    As cruzes vêm junto com o “sim” à vontade de Deus mas, realmente, a força que vem D’Ele supera todos os obstáculos! Você é um grande exemplo de mulher para as mulheres de hoje, que Deus a abençoe junto com toda a sua Família!

  6. Parabéns, Melissa! Lindo testemunho! Sou celibatária e muito feliz por sê-lo; mas também fico muito feliz de ver mães que são mães de fato! Você é um grande exemplo de mãe. Que DEUS abençoe você, seu esposo, seus filhinhos e seu ventre, cada dia mais!

  7. Olá, que bom que encontrei seu blog. Grande testemunho, Deus abençoe grandemente sua família, gostaria de sua permissão para compartilhar suas postagens e seu blog.
    Grande abraço, Salve Maria!

    1. Olá, Carlos!
      Obrigada! Amém!
      Fico feliz que tenha gostado dos meus textos e que queira compartilhá-los. Em geral, peço às pessoas para que compartilhem o endereço do meu blog e o endereço das postagens. Escrevi mais sobre o modo de compartilhamento do meu blog na página Licença de Uso.
      Um abraço! Salve Maria Imaculada!

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