Neste artigo está a definição do Dogma da Imaculada Conceição, verdade de fé católica que deve ser crida por todos os católicos. O texto foi transcrito do livro “Explicação do Pequeno Catecismo de Nossa Senhora”. Leia e saiba mais!
É uma verdade de fé católica a imaculada conceição de Maria?
Sim, a conceição imaculada de Maria é uma verdade de fé católica (verdade definida pela Igreja como tendo sido revelada por Deus, e que somos obrigados a crer sob pena de naufragar na fé). No dia 8 de dezembro de 1854, Pio IX decidiu e proclamou, em presença de mais de 200 bispos, que Maria não foi manchada pela culpa original, como foram os demais filhos de Adão.
Estamos na manhã do dia 8 de dezembro de 1854. Transportemo-nos pelo pensamento à basílica de S. Pedro de Roma e agreguemo-nos à multidão aí reunida para aclamar o glorioso privilégio da augusta Mãe de Deus. Pio IX, com a tiara na cabeça é conduzido sobre a sedia gestatoria (espécie de trono portátil, resplandecente de ouro e púrpura em que se senta o papa nas cerimônias mais solenes; carregam-na aos ombros doze serventuários da corte pontifical), aparece no pórtico da basílica, cercado de sua corte e de seu séquito composto de 200 bispos vindos de todos os pontos do orbe católico. Os anjos das igrejas aqui estão como testemunhas da fé de seus povos na imaculada conceição. Por sua presença, vêm confirmar o voto que já deram por escrito (por ocasião da encíclica pontifícia de 02/02/1849, Pio IX perguntou aos bispos qual era o parecer deles acerca da definição dogmática da Imaculada Conceição de Maria: 543 cardeais, arcebispos e bispos responderam e todos eles foram unânimes em afirmarem que a crença na Imaculada Conceição existia em suas dioceses; quase todos solicitaram a definição pura e simples do dogma). As aclamações rebentam entusiásticas, tocantes e repetidas, enquanto o cortejo pontifical atravessa majestosamente o vasto recinto e vai colocar-se ao redor do altar da Confissão (situado no centro dos dois braços e sob a grande cúpula da basílica; debaixo acha-se a capela chamada confissão, isto é, o túmulo dos Apóstolos São Pedro e São Paulo; é o altar-mor da basílica; só o papa tem o direito de celebrar nele o Santo Sacrifício).
Sobre a cadeira de São Pedro (designa uma esplêndida cadeira de bronze dourado, na qual se acha encerrada a cadeira de carvalho que servia ao chefe dos Apóstolos quando presidia as assembleias dos fiéis) está sentado o 258º sucessor do Chefe dos Apóstolos. Começa a celebração dos santos mistérios. Depois do Evangelho, cantado em grego e em latim, um venerando bispo, carregado de anos e méritos, chega-se ao trono; é o decano do sacro Colégio; alegra-se, como outrora o velho Simeão, por ter visto o dia da glória de Maria. Em nome de todos os bispos, dirige ao Soberano Pontífice a última súplica. Responde o Papa que é preciso implorar o socorro do Céu. E eis que toda aquela numerosa assembleia cai de joelhos e a invocação ao Espírito Santo sai de 25.000 peitos humanos, e sobe ao Céu em um imenso concerto. Depois de acabarem os cantos, ergue-se o Pontífice; está de pé sobre a cadeira de São Pedro; irradia-lhe a fronte um raio celeste, visível efusão do Espírito de Deus. Com voz grave e majestosa, começa a leitura da bula (uma carta do Sumo Pontífice em baixo da qual está suspenso um selo de chumbo, com a forma de uma bolinha) Ineffabilis.
Chegando às palavras da proclamação do dogma, a voz desfalece e o pontífice interrompe-se para enxugar as lágrimas que lhe marejam os olhos. O povo, enternecido como ele, porém, silencioso em sinal de respeito e veneração, espera no mais profundo recolhimento.
O Papa, com voz forte que pouco a pouco se eleva até o entusiasmo, recomeça a leitura:
“Por isso … pela autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e pela nossa, declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina segundo a qual a bem-aventurada Virgem Maria foi, desde o primeiro instante da sua conceição, por uma graça e um privilégio especial de Deus todo-poderoso, em vista dos merecimentos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, preservada e isenta de qualquer mancha da culpa original, é revelada por Deus, e, por conseguinte, deve ser firme e constantemente acreditada por todos os fiéis.
“Por isso, se alguém tivesse a presunção (praza a Deus que tal nunca aconteça) de admitir uma crença contrária à nossa definição, saiba que naufragou na fé e se separou da Igreja.”
No mesmo tempo, o canhão do castelo Santo Ângelo e todos os sinos da Cidade Eterna anunciam a glorificação da Virgem Imaculada.
[…] Aclamações de alegria explodiram em toda a parte: o triunfo de Maria Imaculada foi celebrado com um brilho e um entusiasmo verdadeiramente extraordinários. Quase todos os dias do ano que seguiu foram assinalados por festas em honra de Maria.
[…] Com tal definição, Pio IX não criou verdade alguma nova; limitou-se apenas a declarar que a Imaculada Conceição de Maria, admitida até então como uma piedosa crença, estava realmente contida no depósito da revelação e devia ser crida, dora em diante, como artigo de fé católica.
FONTE: Explicação do Pequeno Catecismo de Nossa Senhora. São Paulo: Francisco Alves, 1915. p.52-55.