Necessidade da Ressurreição de Cristo

Por cinco motivos, houve necessidade de Cristo ressurgir: 1) para louvor da justiça divina, 2) para instrução da nossa fé, 3) para levantar nossa esperança, 4) para dar forma à vida dos fiéis, 5) para aperfeiçoamento da nossa salvação. Saiba mais sobre a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, com explicações de Santo Tomás de Aquino!

"A Ressurreição" - Carl Heinrich Bloch
“A Ressurreição” – Carl Heinrich Bloch

Por cinco motivos, houve necessidade de Cristo ressurgir.

1. Primeiro, para louvor da divina justiça, à qual é próprio exaltar aqueles que se humilham por causa de Deus, conforme o que diz São Lucas: “precipitou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes” (Lc I, 52). E uma vez que Cristo, por causa do amor e da obediência a Deus, se rebaixou até a morte de cruz, convinha que fosse exaltado por Deus até a gloriosa ressurreição. Por isso, representando-o, diz o Salmo 138 (Sl 138,2), com o comentário da Glosa: “Senhor, tu conheces”, isto é, aprovaste, “o meu cair”, isto é, minha humilhação e paixão, “e a minha ressurreição”, isto é, minha glorificação na ressurreição.

2. Segundo, para instrução da nossa fé. É que pela ressurreição dele foi confirmada nossa fé sobre a divindade de Cristo, pois, como diz a segunda Carta aos Coríntios (II Cor 13,4): “Foi crucificado pela nossa fraqueza, mas está vivo pelo poder de Deus”, e, por isso, diz em outra Carta (I Cor 15,14): “Se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia, e vazia também a vossa fé”. E diz o Salmo 29 (Sl 29, 10): “Que utilidade haverá em meu sangue”, isto é, com a efusão de meu sangue, “e em minha descida”, isto é, como que por diversos degraus do mal, “à corrupção?”, como se dissesse: nada. Pois se não ressurgir logo e meu corpo se corromper, não pregarei a ninguém, e não ganharei ninguém, como explica a Glosa.

3. Terceiro, para levantar nossa esperança, pois, ao vermos Cristo, nossa cabeça, ressuscitar, temos esperança de que também nós ressuscitaremos. Por isso, diz a primeira Carta aos Coríntios (I Cor 15,12): “Se se proclama que Cristo ressuscitou dos mortos, como é que alguns dentre vós dizem que não há ressurreição dos mortos?”. E o livro de Jó (Jó 19, 25-27): “Mas eu sei”, isto é, pela certeza da fé, “que meu redentor”, isto é, Cristo, “está vivo”, isto é, tendo ressuscitado dos mortos, e, por isso, “no último dia se erguerá da terra; esta minha esperança depositada em meu peito”.

4. Quarto, para dar forma à vida dos fiéis, segundo o que diz a Carta aos Romanos (Rm 6,4): “Assim como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também nós levemos uma vida nova”. E mais abaixo [v.9,11] diz: “Ressuscitado de entre os mortos, Cristo não morre mais; do mesmo modo também vós: considerai que estais mortos para o pecado e vivos para Deus”.

5. Quinto, para aperfeiçoamento de nossa salvação. Assim como, por esse motivo, suportou incômodos morrendo, para nos livrar dos males, também foi glorificado ressurgindo, para nos fazer avançar no bem, segundo o que diz a Carta aos Romanos (Rm 4, 25): “Entregue por nossas faltas e ressuscitado para nossa justificação”.

Deve-se dizer que a Paixão de Cristo operou a nossa salvação, propriamente falando, pela remoção dos males, e a ressurreição, como o início e o modelo de todas as coisas boas.


Santo Tomás de Aquino. Summa Theologiae, III, q.53, a.1.