O Santo Sacrifício da Missa

Neste artigo farei uma pequena compilação sobre o Santo Sacrifício da Missa tomando por base o Catecismo de São Pio X, a Encíclica Mediator Dei de Pio XII e o Concílio de Trento. Acompanhe!

Neste artigo farei uma pequena compilação sobre o Santo Sacrifício da Missa tomando por base o Catecismo de São Pio X, a Encíclica Mediator Dei de Pio XII e o Concílio de Trento. O propósito deste artigo é levar o leitor a compreender que a Missa não é um encontro convencional de pessoas aos domingos, nem um “evento social”, muito menos uma “festinha” [e na pior das hipóteses um “show”] onde reinam baterias e bateções de palmas. A Santa Missa é a renovação do sacrifício da Cruz de modo incruento, portanto é um momento que exige adoração, respeito, recolhimento, oração e silêncio.

Infelizmente, muitos católicos vão à Missa, mas não sabem de fato – e nem procuram saber – o que é a Santa Missa. E pior que isso, além de não saberem o que é a Missa, ainda se portam de maneira inadequada na Igreja e vestem-se de maneira pior ainda. Mas isso eu abordarei em outro artigo.

O que é a Santa Missa?

O Catecismo de São Pio X[1] ensina que:

A Santa Missa é o sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, oferecido sobre os nossos altares, debaixo das espécies de pão e de vinho, em memória do sacrifício da Cruz.

O Sacrifício da Missa é substancialmente o mesmo que o da Cruz, porque o mesmo Jesus Cristo, que se ofereceu sobre a Cruz, é que se oferece pelas mãos dos sacerdotes seus ministros sobre os nossos altares, mas, quanto ao modo como é oferecido, o sacrifício da Missa difere do sacrifício da Cruz, conservando todavia a relação mais íntima e essencial com ele.

Entre o Sacrifício da Missa e o sacrifício da Cruz há esta diferença e esta relação: Jesus Cristo sobre a Cruz se ofereceu derramando o seu sangue e merecendo para nós; ao passo que sobre os altares Ele se sacrifica sem derramamento de sangue, e nos aplica os frutos da sua Paixão e Morte.

Outra relação do Sacrifício da Missa com o da Cruz é que o Sacrifício da Missa representa de modo sensível o derramamento do Sangue de Jesus Cristo na Cruz; porque em virtude das palavras da consagração só o Corpo do nosso Salvador se torna presente debaixo das espécies de pão, e debaixo das espécies de vinho só o seu Sangue; entretanto, pela concomitância natural e pela união hipostática, está presente, debaixo de cada uma das espécies, Jesus Cristo todo inteiro, vivo e verdadeiro.

Pio XII, em sua Carta Encíclica Mediator Dei[2], ensina que:

O Cristo Senhor, “sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 109,4) “tendo amado os seus que estavam no mundo”, (Jo 13,1) “na última ceia, na noite em que foi traído, para deixar à Igreja, sua esposa dileta, um sacrifício visível, como exige a natureza dos homens, o qual representasse o sacrifício cruento que devia cumprir-se na cruz uma só vez, e para que a sua lembrança permanecesse até o fim dos séculos e nos fosse aplicada sua salutar virtude em remissão dos nossos pecados cotidianos… ofereceu a Deus Pai o seu corpo e o seu sangue sob as espécies de pão e de vinho e deu-os aos apóstolos então constituídos sacerdotes do Novo Testamento, para que sob essas mesmas espécies o recebessem, e ordenou a eles e aos seus sucessores no sacerdócio, que o oferecessem”. (Conc. Trid., Sess. XXII. c, 1)

O augusto sacrifício do altar não é, pois, uma pura e simples comemoração da paixão e morte de Jesus Cristo, mas é um verdadeiro e próprio sacrifício, no qual, imolando-se incruentamente, o sumo Sacerdote faz aquilo que fez uma vez sobre a cruz, oferecendo-se todo ao Pai, vítima agradabilíssima. “Uma… e idêntica é a vítima: aquele mesmo, que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes, se ofereceu então sobre a cruz; é diferente apenas, o modo de fazer a oferta”. (Conc. Trid., Sess. XXII. c, 2)

Idêntico, pois, é o sacerdote, Jesus Cristo, cuja sagrada pessoa é representada pelo seu ministro. Este, pela consagração sacerdotal recebida, assemelha-se ao sumo Sacerdote e tem o poder de agir em virtude e na pessoa do próprio Cristo; (Cf. s. Tomás, Summa Theol., III, q. 22, a. 4) por isso, com sua ação sacerdotal, de certo modo, “empresta a Cristo a sua língua, e lhe oferece a sua mão”. (João Cris. In Joan. Hom., 86,4)

Também idêntica é a vítima, isto é, o divino Redentor, segundo a sua humana natureza e na realidade do seu corpo e do seu sangue. Diferente, porém, é o modo pelo qual Cristo é oferecido. Na cruz, com efeito, ele se ofereceu todo a Deus com os seus sofrimentos, e a imolação da vítima foi realizada por meio de morte cruenta livremente sofrida; no altar, ao invés, por causa do estado glorioso de sua natureza humana, “a morte não tem mais domínio sobre ele” (Rm 6,9) e, por conseguinte, não é possível a efusão do sangue; mas a divina sabedoria encontrou o modo admirável de tornar manifesto o sacrifício de nosso Redentor com sinais exteriores que são símbolos de morte. Já que, por meio da transubstanciação do pão no corpo e do vinho no sangue de Cristo, têm-se realmente presentes o seu corpo e o seu sangue; as espécies eucarísticas, sob as quais está presente, simbolizam a cruenta separação do corpo e do sangue. Assim o memorial da sua morte real sobre o Calvário repete-se sempre no sacrifício do altar, porque, por meio de símbolos distintos, se significa e demonstra que Jesus Cristo se encontra em estado de vítima.

O Catecismo da Santa Missa[3] também ensina que:

A Santa Missa é a renovação incruenta do Sacrifício do Calvário. É o mesmo e único sacrifício infinito de Cristo na Cruz, que foi solenemente instituído na Última Ceia. Nesta cerimônia ímpar, Cristo é ao mesmo tempo vítima e sacerdote, se oferecendo a Deus para pagamento dos pecados, e aplicando a cada fiel seus méritos infinitos.

O Concílio de Trento[4], nos Cânones sobre o Santíssimo Sacrifício da Missa, determinou que:

948. Cân. 1. Se alguém disser que na Missa não se oferece a Deus verdadeiro e próprio sacrifício, ou que oferecer-se Cristo não é mais que dar-se-nos em alimento — seja excomungado [cfr. n° 938].

949. Cân. 2. Se alguém disser que Cristo não instituiu os Apóstolos sacerdotes com estas palavras: Fazei isto em memória de mim (Lc 22, 19; l Cor 11, 24), ou que não ordenou que eles e os demais sacerdotes oferecessem o seu Corpo e Sangue — seja excomungado [cfr. n° 938].

950. Cân. 3. Se alguém disser que o sacrifício da Missa é somente de louvor e ação de graças, ou mera comemoração do sacrifício consumado na cruz, mas que não é propiciatório, ou que só aproveita ao que comunga, e que não se deve oferecer pelos vivos e defuntos, pelos pecados, penas, satisfações e outras necessidades — seja excomungado [cfr. n° 940].

951. Cân. 4. Se alguém disser que o santo sacrifício da Missa é uma blasfêmia contra o santíssimo sacrifício que Cristo realizou na Cruz, ou que aquele derroga este — seja excomungado [cfr. n° 040].

952. Cân. 5. Se alguém disser que é impostura celebrar Missas em honra dos Santos com o fim de conseguir a sua intercessão junto a Deus, como é intenção da Igreja — seja excomungado [cfr. n° 941].

953. Cân. 6. Se alguém disser que o Cânon da Missa contém erros e por isso se deve ab-rogar — seja excomungado [cfr. n° 942].

954. Cân. 7. Se alguém disser que as cerimônias, as vestimentas e os sinais externos de que a Igreja Católica usa na celebração da Missa são mais incentivos de impiedade do que sinais de piedade — seja excomungado [cfr. n° 943].

955. Cân. 8. Se alguém disser que as Missas em que só o sacerdote comunga são ilícitas e por isso se devem ab-rogar — seja excomungado [cfr. n° 944].

956. Cân. 9. Se alguém disser que o rito da Igreja Romana que prescreve que parte do Cânon e as palavras da consagração se profiram em voz submissa, se deve condenar, ou que a Missa se deve celebrar somente em língua vulgar, ou que não se deve lançar água no cálice ao oferecê-lo, por ser contra a instituição de Cristo — seja excomungado [cfr. n° 943, 945 s].

Algumas considerações

Quando Padre Pio[5] foi interrogado sobre como devemos assistir a Santa Missa ele respondeu: “como assistiram a Santíssima Virgem e as piedosas mulheres. Como assistiu São João Evangelista ao Sacrifício Eucarístico e ao Sacrifício cruento da Cruz”. Portanto, devemos assistir à Santa Missa com resignação, dor no coração pelos nossos pecados e em silêncio! A Missa é Sacrifício. Não é momento de bater palminhas, fazer dancinhas, algazarras, gracinhas, teatros e outras coisas estranhas à Divina Liturgia. Os únicos que faziam barulhos, gritarias, conversas, batiam e acenavam as mãos e davam risadas eram aqueles que queriam e pediam a crucificação de Nosso Senhor. Usar de criatividade na Missa é também abominável. Não há lugar para criatividade na celebração da Santa Missa. Quem quer dar asas à criatividade e à imaginação deve ir trabalhar no circo!

Saibamos nos portar como cristãos piedosos no Sacrifício do Altar. Saibamos nos reconhecer pecadores. Aprendamos a ter dor no coração pelos nossos pecados e pelas ofensas que fazemos a Deus. Saibamos ficar aos pés da Cruz do Senhor como ficaram a Santíssima Virgem Maria, as piedosas mulheres e São João Evangelista. Certamente eles não ficaram cantando alegres e felizes, nem saltitando e batendo palmas, mas ficaram recolhidos em dor e em oração, em extremo silêncio, contemplando as dores e os sofrimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo na Cruz.

Fiquem na Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo e no Amor de Maria Santíssima!


[1] Sao Pio X. Terceiro Catecismo da Doutrina Cristã: Catecismo Maior de São Pio X. Edições Santo Tomás, 2005, p.164-165.

[2] Pio XII. Carta Encíclica Mediator Dei. Disponível em Vaticano: A Santa Sé.

[3] Catecismo da Santa Missa. Disponível em Montfort Associação Cultural.

[4] Concílio de Trento. Disponível em Montfort Associação Cultural.

[5] A Missa do Padre Pio. Disponível em Capela.org.