“O amor de Jesus Cristo aos homens era tanto que desejava a hora de sua morte para lhes mostrar o afeto que lhes tinha.” Veja o que mais Santo Afonso diz nesta meditação.
São Paulo, apaixonado por Jesus Cristo, diz com razão: “A caridade de Cristo nos constrange”[1]. E ele se refere não tanto ao que Cristo sofreu, mas ao amor que nos mostrou nos seus sofrimentos. É isto que nos obriga e quase nos força a amá-lo. Sobre isso diz São Francisco de Sales: “Jesus Cristo, verdadeiro Deus, amou-nos até sofrer por nós a morte na cruz. Não é isto como que ter nosso coração debaixo de uma prensa? Como que senti-lo apertar com vigor e espremer amor com uma força que é tanto mais forte quanto mais amável? Por que não abraçamos Jesus Cristo Crucificado para morrer na cruz com ele? Ele quis morrer nela por nosso amor. Eu o abraçarei, deveríamos dizer, e não o abandonarei jamais. Morrerei com ele, abrasar-me-ei nas chamas de seu amor. Um mesmo fogo consumirá este divino Criador e a sua miserável criatura. Cristo se dá todo a mim e eu me entrego todo a ele. Viverei e morrerei sobre seu coração: nem a vida, nem a morte me separarão dele. Ó Amor Eterno, minha alma vos busca e vos acolhe para sempre. Vinde, Espírito Santo, inflamai os nossos corações no vosso amor. Ou amar ou morrer! Morrer a qualquer outro amor, para viver no amor de Cristo. Salvador dos homens, fazei que cantemos eternamente: viva Jesus, a quem amo. Amo a Jesus que vive nos séculos dos séculos”[2].
O amor de Jesus Cristo aos homens era tanto que desejava a hora de sua morte para lhes mostrar o afeto que lhes tinha. Por isso, com frequência, repetia em sua vida: “Devo receber o batismo, e quanto o desejo até que ele se realize”[3].
Eu tenho que ser batizado em meu próprio sangue! Como me sinto desejoso de que chegue depressa a hora de minha Paixão, para que, depressa também, o homem conheça por ela, o amor que lhe tenho.
São João fala daquela noite em que Jesus Cristo começou a sua paixão: “Sabendo que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”[4]. O Redentor chamava aquela hora de “sua hora” porque o tempo de sua morte era o tempo desejado por ele. Queria dar aos homens a última prova de amor, morrendo por eles numa cruz, consumido de dores.
[1] 2 Cor 5, 14.
[2] S. Francisco de Sales, Tratado do Amor de Deus, l. 7, c. 8, e l. 12, c. 13.
[3] Lc 12, 50.
[4] Jo 13, 1.
Santo Afonso Maria de Ligório. A prática do amor a Jesus Cristo. 7a. Edição. Aparecida, SP: Editora Santuário, 1996, p. 16-17.
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