A PAIXÃO DE CRISTO: Haveria outro modo mais conveniente de libertação humana do que a paixão de Cristo?

Neste texto, Santo Tomás de Aquino trata sobre outro item da Paixão de Cristo, explicando se haveria outro modo mais conveniente de libertação humana que não fosse a Santíssima Paixão de Nosso Senhor. Acompanhe o artigo e veja o que o Doutor Angélico explica sobre isto.

Cena do Filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson. Foto: Reprodução.
Cena do Filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson. Foto: Reprodução.

Um modo é tanto mais conveniente para atingir um fim quanto mais ocorrem, por meio dele, resultados adequados a esse fim. Ora, o fato de o homem ter sido libertado pela paixão de Cristo teve muitas conseqüências apropriadas à sua salvação, além da libertação do pecado.

1. Primeiro, o homem conhece, por esse fato, quanto Deus o ama, sendo assim incentivado a amá-lo também, e é aí que está a perfeição da salvação humana. É o que diz o Apóstolo na Carta aos Romanos (5, 8-9): “Nisto Deus prova o seu amor para conosco: Cristo morreu por nós quando ainda éramos inimigos”.

2. Segundo, deu-nos exemplo de obediência, de humildade, de constância, de justiça e das demais virtudes que demonstrou na paixão de Cristo, necessárias todas para a salvação humana. É o que diz a primeira Carta de São Pedro (I Pe 2, 21): “Cristo sofreu por nós, deixando-nos um exemplo, a fim de que sigamos suas pegadas”.

3. Terceiro, Cristo, por sua paixão, não apenas livrou o homem do pecado, mas também lhe mereceu a graça santificante e a glória da bem-aventurança […].

4. Quarto, mostra-se ao homem, por esse fato, que é ainda mais necessário ele se manter imune do pecado, segundo a primeira Carta aos Coríntios (I Cor 6, 20): “Alguém pagou o preço do vosso resgate. Glorificai e levai a Deus em vosso corpo”.

5. Quinto, esse fato trouxe maior dignidade ao homem. Ou seja, como o homem fora vencido e enganado pelo diabo, seria também um homem a vencer o diabo; e como o homem merecera a morte, seria também um homem, ao morrer, que venceria a morte, como diz a primeira Carta aos Coríntios (I Cor 15, 57): “Rendamos graças a Deus, que nos dá a vitória por Jesus Cristo”.

Portanto, foi mais conveniente que fôssemos libertados pela paixão de Cristo do que somente pela exclusiva vontade de Deus.


Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q.46, a.3.